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Afinal, qual a Indústria Automotiva queremos para o Brasil?

MARCIO SEVERINE

A Indústria Automotiva está passando por fortes mudanças, e será remoldada pelas novas tendências e inovações tecnológicas. E as principais direções que norteiam o setor, em nível global, estão claras e se desenvolvem rapidamente.

Esta rota de inovação, que já está transformando e criando a “Nova Indústria Automobilística”, não passa apenas pelas montadoras de veículos e seus produtos, mas abrange toda a cadeia produtiva, e abre espaço para entrada de novos players.

A indústria automotiva do futuro abraçará as inovações tecnológicas, como:

  • Veículos Elétricos (VE) e Baterias: um caminho sem volta, e crescendo rapidamente, impulsionado por preocupações ambientais e avanços tecnológicos, e abraçado pelos usuários.
  • Infraestrutura de Recarga e Redes Inteligentes de Energia: a expansão da infraestrutura de recarga privadas e públicas está em andamento para atender a demanda crescente de VEs. Além disso, as redes elétricas inteligentes permitirão o gerenciamento da carga adicional dos VEs e a integração com fontes de energia renovável.
  • Conectividade e Veículos Autônomos: veículos cada vez mais conectados, permitirão uma maior integração com sistemas de trânsito, entretenimento e manutenção preditiva. Tecnologias que aumentarão a segurança nas estradas e a eficiência do tráfego.
  • Sustentabilidade e Tecnologias Verdes: adoção de materiais recicláveis e sustentáveis na fabricação de veículos, bem como a implementação de novos processos de produção mais eficientes e menos poluentes.
  • Mobilidade como Serviço (MaaS): ampliação dos serviços de compartilhamento e locação de veículos, como contraponto à prática de aquisição do bem.
  • Inteligência Artificial: utilização da IA personalizando a experiência do motorista e também para prever e prevenir falhas mecânicas.

Estas tendências apontam para uma “Nova Indústria Automotiva” que será mais eficiente, conectada, segura e em busca de um equilíbrio ecológico.

Enquanto isso no Brasil, a miopia de alguns stakeholders do setor automotivo, como governo, indústria e trabalhadores, nos surpreendem por não entender a fase de transição pela qual o setor atravessa, pela falta de estratégia, de visão e de uma política industrial séria e robusta para o desenvolvimento do setor no país.

Sou defensor obstinado da indústria nacional, pelo seu grande potencial de geração de empregos e como alavanca de desenvolvimento para o país. Mas, considero um imenso equívoco fechar os olhos para a mobilidade elétrica e as novas tecnologias.

Em breve se completará 12 anos do recorde histórico de produção de veículos no Brasil, que foi no ano de 2013, com 3.713.813 unidades montadas. E desde então, o que foi feito de efetivo para recuperar esse patamar de produção? Absolutamente nada. Enquanto isso, diversas fábricas foram fechadas e a produção diminuiu.

E agora, o governo e entidades de classe em vez de pensar e discutir soluções saudáveis e robustas que visem a modernização do parque fabril e dos produtos brasileiros, abordam o tema com “simplicidade”, propondo formas de bloquear a inovação do setor automotivo, se limitando a insistir na adoção de tecnologias ultrapassadas, que se limitam a aplicações estritamente para o mercado brasileiro, e sem visão de mercado global.

A indústria automotiva precisa de políticas que viabilizem o desenvolvimento de produtos modernos, eficientes, conectados e ecológicos, com foco no aumento de exportações e a expansão do mercado local.

E neste contexto, a Mobilidade Elétrica deve ser vista como uma oportunidade de crescimento e novos negócios para a nossa indústria.

Não adianta bloquear a entrada de novos produtos e tecnologias, e pensar que tudo será como antes, como pensaram os fabricantes de carroças do início do século XX.

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