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Brasil, sem dúvida o melhor país para os carros elétricos.

CLEMENTE GAUER

Sim, o Brasil é de fato um dos melhores países para os carros elétricos. Uma rara conjunção de fatores fazem com que dificilmente se tenha tantos fato elementos favoráveis à eletromobilidade como ocorre no Brasil.

A lista destas benesses todas aos elétricos é longa. De início, temos no Brasil o clima ideal. Como bem diria o Jorge Ben, moramos em um país tropical. Com temperaturas relativamente elevadas e sem qualquer um dos empecilhos de um clima frio e do rigor do inverno do hemisfério norte, um carro elétrico aqui está em sua zona de conforto. Não temos também a severidade de climas como o da Flórida e estado de Nevada nos Estados Unidos ou dos Emirados Árabes, onde no verão, as temperaturas elevadas podem acionar continuamente o arrefecimento das baterias, literalmente derretendo a autonomia dos elétricos.

O leitor mais atento ponderará sobre nossas reservas de minerais críticos para a transição energética. Novamente tiramos a grande sorte. Estarmos sobre inesgotáveis estoques de lítio no vale do Jequitinhonha em Minas Gerais. Temos também as não tão raras, terras raras para os rotores dos motores de ímãs permanentes. E sim, temos também todos todos os metais e minerais necessários para semicondutores, indutores e baterias. Não nos falta nada, nem mesmo energia elétrica.

O Brasil é reconhecido por ter uma matriz elétrica predominantemente renovável. Temos poderosas hidrelétricas e uma costa com inesgotável potencial eólico além de uma irradiação solar de causar inveja. Diferente de países como Estados Unidos e até partes da Europa, temos aqui o Sistema Interligado Nacional, ou simplesmente SIN. Por aqui a eletricidade flui. Frente à intermitência das renováveis provenientes do sol e do vento, temos as hidrelétricas cada vez mais trabalhando como enormes baterias à noite. A energia produzida no sudeste pode ser consumida no sul ou no nordeste. E não só isso, vivemos um momento de sobreoferta de energia elétrica. Nas palavras do diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, ”o Brasil tem uma sobra gigantesca de energia”.

O Brasil é curioso

Curiosidades intrinsecamente brasileiras como a entidade nacional do aquecimento de água, o chuveiro elétrico, figura carimbada até mesmo nas gôndolas dos supermercados, também se transformou em notável adido da mobilidade elétrica. Sua implacável resistência elétrica consome potência equivalente ao processo de recarga de um veículo elétrico, logo é praticamente impossível encontrar uma residência no Brasil com disjuntor no poste de entrada menor que 40 Amperes, corrente mais que suficiente para recarregar um carro compacto durante a noite, ao passo que nossos hermanos, muitas vezes precisam se contentar com 20 Amperes de corrente máxima ou até mesmo miseráveis 10 Amperes dependendo da região, estes talvez adequados apenas para ferver com alguma sorte, a água para um mate

Questões de segurança jurídica e técnicas relacionadas à construção da infraestrutura de recarga foram parcialmente superadas. Diferentes de muitos países desenvolvidos, aqui podemos em todos os estados, cobrar o serviço de recarga pelo kWh e não pelo tempo. E pasmem, muitas partes de nosso território é coberta por um robusto sistema elétrico trifásico, entregando potência suficiente para carregadores rápidos de corrente contínua.

Não quero soar ufanista, mas é impossível negar a direção favorável dos ventos que aqui sopram. Se em nossa costa geram eletricidade em abundância, em vendas de veículos elétricos fazem com que um único lançamento da BYD, em menos de 7 dias, represente mais de 20% de todo estoque histórico da categoria. O consumidor brasileiro em menos de uma semana levou nada menos do que 7600 veículos elétricos para sua casa, enquanto no mês anterior a ABVE registrava um acumulado histórico de vendas de elétricos de 36.944 unidades em solo brasileiro. Este sopro de confiança faz com que o consumidor brasileiro deseje um carro elétrico mais do que seus pares na Europa e Estados Unidos. Este é um fato reconhecido no último Relatório de Tendências da Ford, o Ford Trends.70% dos Brasileiros desejam um veículo elétrico como próximo carro, fenômeno nacional que trazemos do sucesso das redes sociais, smartphones e até da air-fryer. O Brasileiro curte uma novidade! Também pudera, quem não se encantaria com um veículo cujo motor dispensa trocas de óleo e de marchas, com custo operacional inferior a 20% do custo de um similar térmico… É muita vantagem e o brasileiro já entendeu.

Apesar de notarmos uma clara vontade dos setores de influência em promover os biocombustíveis como alternativa predominante à descarbonização, os elétricos são inegavelmente mais eficientes e até mesmo grandes amigos do setor sucroalcooleiro. Hoje 27% da energia elétrica produzida no estado de São Paulo é oriunda de termelétricas operando com os subprodutos do setor sucroalcooleiro. Segundo o presidente executivo da Associação da Indústria de Cogeração de Energia, Newton Duarte da Cogen,  “…a geração de energia, embora seja normalmente 10% do faturamento da usina, chega a 40% do lucro.” Vejam só, até isso temos a favor dos elétricos, a energia do campo!

Diante de um mercado com tamanha sobreoferta de energia, o carro elétrico é um aliado na manutenção da demanda de energia elétrica e na consequente manutenção dos valores do MWh. Aqui os elétricos e usineiros se encontram, é um ganha-ganha! Notem o sucesso da Raízen Power. Sua startup de gestão de recarga, A Tupinambá Energia hoje já contabiliza um crescimento nacional de 1500% em relação a infraestrutura de recarga em pouco mais de 3 anos. No Brasil partimos de 500 estações de recarga em 2020, para mais de 7700 em Fevereiro de 2024. Neste ritmo, segundo a IEA, já ultrapassamos a Nova Zelândia e encostamos na Noruega, em relação à proporcionalidade de veículos e disponibilidade de infraestrutura de recarga, pasmem!

E finalmente, 87% dos brasileiros moram em casas. Para muitos destes, bastará uma tomada 220 Volts de 20 Amperes em suas garagens para poderem acordar todos os dias com baterias 100% carregadas. Quem mora em condomínios verticais, fique tranquilo, tecnologia e empresas 100% brasileiras como a Tupinambá Energia e WEG já oferecem soluções de balanceamento de carga para atender qualquer desafio técnico. Agora, se o problema for o seu síndico, temos uma série de jurisprudências ao seu favor.

O que falta, se me perguntarem para que mais brasileiros prefiram um elétrico? Eu diria que apenas um test drive!

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