Carregar carro elétrico é perigoso ou o perigo é a educação da pessoa?

Carlos Augusto Serra Roma

Carregar um carro elétrico é perigoso? Não. O verdadeiro perigo é a falta de educação técnica e o famoso “jeitinho” aplicado onde não deveria. Vamos combinar: se você é do tipo que compra combustível com preços duvidosamente baixos, usa o acostamento como pista extra, ignora o sinal vermelho, anda com pneus carecas ou acredita que normas e especificações técnicas são “coisas para os outros”, então, sim, você provavelmente terá problemas – não só com seu carro elétrico, mas com tudo que depende de bom senso e manutenção adequada.

O jeitinho que coloca tudo em risco

Se você é um entusiasta do improviso e já cometeu algumas dessas proezas, talvez seja hora de repensar:

  1. Combustível de origem questionável: Quem nunca encheu o tanque com gasolina “mais barata” e depois viu o motor tossir como se estivesse gripado? Pois é, economizar no que é essencial sai caro.
  2. Andar no acostamento: Porque, aparentemente, esperar no trânsito é só para os outros mortais.
  3. Furar sinal vermelho: Afinal, “ninguém está vindo, né?”. Só que essa lógica falha pode terminar em acidentes graves ou multas.
  4. Pneus carecas e manutenções atrasadas: Ignorar os limites do TWI (indicador de desgaste) ou rodar sem fazer alinhamento e balanceamento compromete a segurança, ou ainda “tunar” o motor, remover o silencioso e ou o catalizador ignorando os impactos em saúde e vidas com o aumento da poluição sonora e atmosférica.
  5. Aventuras com adaptadores e benjamins: Conectar um secador de 2000 W em uma tomada de 10 A com um adaptador milagroso pode até funcionar – até a instalação elétrica dizer “chega!”.
  6. Carregadores de celular “genéricos” e cabos duvidosos: O celular pode até carregar, mas a conta chega na forma de uma bateria danificada ou, pior, um curto-circuito.

O ponto aqui é simples: não se pode dar jeitinho em coisas sérias. E infraestrutura de recarga para carros elétricos é coisa séria.

Carros elétricos: mais seguros que o seu smartphone

A verdade é que carregar um carro elétrico é ainda mais seguro do que carregar o seu já ultra seguro smartphone. E olha que muitos de nós cometemos absurdos com o celular, como deixá-lo carregando embaixo do travesseiro enquanto dormimos (spoiler: nenhum manual recomenda isso).

Agora, quando falamos de carros elétricos, a tecnologia envolvida é ainda mais avançada e robusta. Sistemas como monitoramento de temperatura, interrupção automática de corrente e protocolo de segurança contra sobrecarga tornam o processo extremamente confiável. É mais seguro do que a fritadeira elétrica que você ligou na cozinha – com ou sem adaptador.

A educação que faz a diferença

Se você segue normas e especificações, a infraestrutura de recarga de um carro elétrico não só é segura, como praticamente à prova de erros. Mas, se você é do time que:

  • Escolhe carregadores ou cabos de procedência duvidosa porque “é mais barato”;
  • Ignora os alertas de manutenção periódica no sistema do carro;
  • Subestima a importância de uma instalação elétrica adequada e certificada…

Bem, aí o risco não é o carro, mas o comportamento.

Uma reflexão: boas práticas não são frescura

Normas, especificações técnicas e boas práticas de uso não são “coisas chatas”. Elas existem para garantir a segurança e o bom funcionamento de tudo, desde o seu celular até o seu carro elétrico.

Portanto, se você forçar equipamentos de alta potência em tomadas inadequadas, ignorar manutenção ou usar cabos não homologados, o problema não será o carro elétrico, mas a atitude. Afinal, segurança não é questão de sorte – é questão de respeito pelas regras.

Então, ao invés de improvisar, pense no carro elétrico como uma evolução natural. Ele é seguro, eficiente e, sim, projetado para ser carregado com tranquilidade. Só não se esqueça: o “jeitinho” pode ser uma arte para abrir potes difíceis, mas não para lidar com eletricidade ou tecnologia.

Carregadores portáteis: praticidade com responsabilidade

Os carregadores portáteis para carros elétricos, conhecidos como EVSE (Electric Vehicle Supply Equipment), são projetados para oferecer conveniência, permitindo recarregar o veículo em compatíveis com aquela carga. Com potências típicas variando de 1,2 kW a 7,4 kW, eles são ideais para situações de uso ocasional, mas não foram concebidos para substituir uma instalação de recarga fixa em residências.

Agora, pare e reflita: você se sentiria confortável deixando um secador de cabelo de 1,5 kW ou 2,0 kW ligado por oito horas ininterruptas? Provavelmente não, certo? A questão não é apenas o consumo de energia, mas o impacto na segurança elétrica do ambiente. Com um carregador portátil, o raciocínio é o mesmo: mesmo que o encaixe mecânico funcione, isso não garante que a instalação elétrica esteja preparada para suportar a carga prolongada.

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