A capital paulista está acelerando sua transição para um transporte público de baixa emissão. Durante o seminário “Caminhos para a Eletromobilidade Urbana em São Paulo”, realizado ontem (23), no Memorial da América Latina, o prefeito Ricardo Nunes anunciou a entrega de 120 novos ônibus elétricos realizada na última segunda-feira (22), elevando a frota para 961 veículos eletrificados, sendo 760 movidos a bateria e 201 trólebus, consolidando São Paulo como a cidade com a maior frota de ônibus elétricos do país.
“Aqui em São Paulo, nós partimos para a execução. Ontem, entregamos mais 120 ônibus elétricos, chegando a 760 veículos. Somando os trólebus, já são 961 ônibus eletrificados na cidade. Estamos avançando bastante”, afirmou o prefeito Ricardo Nunes na abertura do evento. Em conversa com jornalistas após a abertura do evento, o prefeito disse que até o fim deste ano, a cidade contará com 1.200 ônibus elétricos.
O presidente da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), Ricardo Bastos, também participou da cerimônia de abertura e reforçou o impacto positivo da eletromobilidade na economia nacional: “A indústria de veículos eletrificados no Brasil está mais forte do que nunca. Estamos produzindo veículos pesados e leves no país, gerando empregos e fomentando a economia. O que São Paulo está fazendo é um exemplo para o Brasil e traz benefícios diretos: geração de empregos, mais saúde e cuidado com o meio ambiente”, destacou Bastos.
O prefeito ressaltou que a substituição da frota a diesel por modelos elétricos pode evitar até 388 mortes prematuras na cidade, segundo estudo da Rede C40 de Cidades (uma união global de grandes municípios que cooperam para combater as mudanças climáticas). Ele também destacou que o investimento se paga ao longo do tempo, já que a operação do ônibus elétrico é muito mais barata, cerca de R$ 5 mil por mês, contra R$ 25 mil dos modelos a diesel, gerando economia de R$ 240 mil anuais por veículo.
Com a nova entrega, São Paulo deixará de emitir 10,4 mil toneladas de CO₂ por ano, o que equivale ao plantio de 6,4 mil árvores para cada ônibus colocado em operação. Além disso, cada veículo evita o consumo de 35 mil litros de diesel por ano, o que contribui para as metas climáticas municipais e reduz custos para o sistema.
“Estamos saindo de um produto altamente tóxico, poluente e caro, que é o diesel, para um transporte limpo, silencioso e mais barato. Isso significa mais saúde e qualidade de vida para todos os paulistanos”, completou Nunes.
De acordo com Ricardo Bastos, os motoristas de aplicativo e profissionais de entrega já vêm optando pelos veículos elétricos por questões de economia e qualidade de vida, aproveitando inclusive a possibilidade de recarga em casa, muitas vezes com energia solar.
Painéis destacaram desafios e oportunidades
Ao longo de sete painéis temáticos, o seminário abordou os principais desafios para a adoção em larga escala de veículos elétricos no transporte público. Entre os temas discutidos, destacaram-se a expansão da infraestrutura de recarga, o planejamento da frota e o desenvolvimento de modelos de financiamento eficientes e sustentáveis, com a participação de bancos de fomento nacionais e internacionais, além de instituições financeiras comerciais.
O painel sobre Planejamento da Frota de Ônibus Elétricos contou com a presença de Iêda de Oliveira, diretora de Pesados da ABVE; Alferes Soares Alves, gerente de Desenvolvimento e Inovação Tecnológica da SPTrans; Débora Freitas, coordenadora da UGP (Unidade de Gerenciamento do Projeto) da SMT; Cadu Souza, CEO da TEVX; e Jean Carlos Flohr, chefe de Vendas de Infraestrutura de Recarga da WEG.
Durante o seminário, Iêda Oliveira destacou que já existem mais 370 ônibus elétricos em linha de produção no Brasil. Ela reforçou que a indústria nacional está preparada para atender à crescente demanda, com modelos padrão e articulados 100% fabricados no país.
“Hoje vemos operadores que desejam ampliar sua frota e até eletrificar toda a operação. A experiência prática comprova as vantagens do modelo: custos reduzidos, maior disponibilidade da frota e boa aceitação tanto pelos operadores quanto pelos passageiros”, explicou a executiva.
Alinhamento de normas técnicas
Outro destaque foi o painel mediado por Clemente Gauer, coordenador do Grupo de Trabalho sobre Segurança da ABVE, que discutiu a necessidade de alinhar normas técnicas e regulamentações para integrar a infraestrutura de recarga de veículos elétricos às edificações, conciliando inovação, viabilidade e segurança. Participaram do painel Carlos Alberto de Moraes Borges, vice-presidente do Secovi; o Capitão da PM Renato da Cunha Adashi, do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo (CBPMESP); e Lauro Ladeia, representante técnico do Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil).
“A expansão da frota de veículos elétricos precisa caminhar junto com a atualização das normas de segurança e da infraestrutura das edificações. Estamos discutindo com o Corpo de Bombeiros e o governo estadual como integrar os carregadores de forma segura e viável, sem criar barreiras que desestimulem a adoção da tecnologia. É fundamental alinhar inovação, custo e regulamentação para garantir que essa transição seja feita de maneira responsável e sustentável”, reforçou Clemente Gauer.